Django
Quentin Tarantino é um dos meus realizadores favoritos, então aguardava ansiosamente por Django, como já aguardo pelo seu próximo trabalho, mas infelizmente Django acabou-me desiludindo um pouco, não estou por isso dizendo que é mau, bem pelo contrário é ainda assim um dos melhores filmes do ano, mas sem dúvida o Tarantino podia ter feito melhor.
E aí entra a grande polémica que tenho lido bastante, a morte da pessoa que o tinha ajudado na edição final de todos os seus anteriores filmes, parece algo fácil, mas pensando bem realmente não deve ser coisa pouca, ainda para mais para o fazer com um filme do Tarantino. O filme claramente ficou longo demais, 2 horas e 40 minutos, e ao mesmo tempo curto demais, isto porque o filme tem duas fases totalmente distintas e que não tem muito sentido estarem no mesmo filme e com isso acabaram cortando em demasia e mesmo assim ficou longo.
O filme claramente deveria ter sido dividido em dois ou então agilizar a parte inicial, porque a ideia que fica no início, principalmente tendo em conta o que se viu no trailer, é que a trama do Django e o Calvin Candie se vão juntar, mas não, o Tarantino decidiu fazer duas histórias diferentes no mesmo filme, primeiro despacha, por despacha diga-se leva pelo menos uma hora a despachar, a história do Django e só depois disso vão ter com o Calvin Candie, diga-se que isso trouxe acima de tudo 3 problemas:
Primeiro, a duração longa do filme, segundo, a falta de começo, meio e fim, o começo e o fim claramente não estão ligados já que o meio são duas histórias totalmente diferente, e terceiro prejudicou as actuações brilhantes de Leonardo Dicaprio e Samuel L. Jackson, que acabaram tendo pouco tempo de antena e com isso o afastamento, injusto, de Leonardo Dicaprio da nomeação ao óscar de melhor actor secundário. Sem dúvida o filme teria muito a ganhar se tivesse apressado a primeira metade e esticado a segunda.
O roteiro de Django tem os seus defeitos, mesmo tendo mais virtudes, os pontos fortes do filme são, como sempre nos filmes de Quentin Tarantino, os diálogos e as actuações dos seus actores, que conseguem tirar o máximo de si, em especial do Christoph Waltz que de actor que nunca tinha ouvido falar passa para vencedor do óscar de melhor actor secundário com Bastardos Inglórios e deve repetir a faceta este ano, apesar da excelente actuação do actor, a sua actuação em Bastardos Inglórios foi superior.
Samuel L. Jackson, assíduo actor dos filmes do Tarantino, tem uma actuação brilhante que já não tinha há alguns anos, o protagonista Jamie Foxx tem uma actuação também excelente e por fim a provável melhor actuação do ano no que diz respeito a actores secundários, Leonardo DiCaprio e o seu Calvin Candie, diria mesmo a melhor actuação que já vi o DiCaprio fazer e se estivesse nomeado ao óscar seria de certo a melhor escolha, mesmo que improvável ganhar.
Isso tudo me leva ao principal ponto negativo do filme, que ao contrário de Zero Dark Thirty são os últimos minutos do filme, o Tarantino estava a apresentar algo mais que excelente e do nada parece que joga a toalha e desiste, os últimos minutos foram uma chuva de sangue que é o que no cinema se chama de violência gratuita, algo que até ao momento raramente o Tarantino tinha feito nos seus filmes, fora algumas decisões de roteiro no mínimo questionáveis e o pequeno papel do próprio Tarantino no final do filme que também era dispensável.
Para concluir, mais uma obra de arte no que diz respeito a diálogos e boas actuações, com um roteiro excelente na maior parte do filme, mas que sofreu pela longa duração, pela divisão das duas histórias e principalmente pela sequência final, onde parece que o Tarantino jogou a toalha ao ar.
Nota: 8.5
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