Les Miserables
Tinha tudo para ser um dos melhores filmes do ano e até mesmo ser melhor do que O Discurso do Rei, o anterior trabalho do realizador que chegou mesmo a ganhar o óscar de melhor filme nesse ano, mas infelizmente discute com Zero Dark Thirty o posto de maior desilusão do ano, entenda-se no que diz respeito aos filmes que eram apostas para os óscares deste ano, sendo na minha opinião, e no geral a da maioria, mesmo a grande desilusão. Apesar disso Les Miserables é provavelmente dos 9 filmes indicados aos óscares o que mais discussões acerca da sua nota tem tido pela net e pela critica em geral, uns adoram outros odeiam, estou infelizmente na segunda categoria. Resumindo gostam de musicais? Vejam podem estar na primeira categoria, mas digo já que eu gosto de musicais e odiei o filme. Se não gostam de musicais mais vale passar longe.
Les Miserables é um musical, mas melhor que isso, um musical praticamente com 100% dos diálogos cantados, então seria esperado algo grandioso, não só a nível de qualidade, como nos óscares em si, afinal a academia ao longo dos seus largos anos de existência já mostrou ser bem receptiva aos musicais, resumindo era um projecto bem ambicioso desde o início e diria que foi essa ambição que levou à ruina do filme, que está totalmente afastado do óscar de melhor filme e da gala de prémios deve sair apenas com o óscar de melhor atriz secundária, mais que merecido, apesar da curta participação da Anne Hathaway.
Porque é que a ambição é que levou à ruina do filme? Por vários motivos, mas o principal é o facto do filme ser praticamente todo cantado, na teoria isso é algo fantástico, na pratica acaba matando todos os diálogos, é difícil conseguir sentir em vários momentos do filme a emoção que determinada cena deveria retratar por causa de não dar para levar 100% a sério diálogos cantados. Quem deixou isso de lado provavelmente adorou o filme, porque afinal a ideia de todo o filme ser cantado é genial, mas para uma história nível de óscar, acaba parecendo muito entretenimento.
Outro aspecto que falha por tentar ser ambicioso é a história em si, é muita coisa para caber num único filme, ou melhor são muitas histórias diferentes contadas no mesmo filme, por exemplo a Anne Hathaway se aparece em mais de 30 minutos de filme é muito e a maioria dos outros personagens secundários a mesma coisa, o único personagem que liga a história é o protagonista, além dele o “antagonista” e a Cosette, como criança e depois como adolescente, também aparecem em boa parte do filme, de resto é um filme que parece um amontoar de histórias e aí fica mais fácil de entender e principal de apreciar para quem já conhecia a história de Les Miserables.
O terceiro grande defeito é a duração do filme, 2 horas e 40 minutos aproximadamente, muito tempo para um filme totalmente cantado, por um lado é excelente para quem adorou, acaba sendo um bónus, mas para quem não gostou do filme é apenas uma tortura. Dividir em dois filmes, mesmo não sendo defensor de filmes divididos em dois, ou então reduzir vários dos temas secundários seria uma ajuda, diga-se e já adiantando algumas das criticas a outros filmes nomeados ao óscar de melhor deste ano, filmes longos foi um dos defeitos mais vistos este ano, com 4 em 9 tendo aproximadamente 2 horas e 40 minutos.
Para concluir, o Hugh Jackman entrega a actuação da sua carreira, que até podia merecer o óscar caso o filme tivesse corrido melhor, mas dessa forma e com o incomparável Daniel Day-Lewis a vitória é quase impossível, mesmo assim um excelente papel que só peca por ter sido num filme de 8 ou 80. A Anne Hathaway tem a melhor actuação do filme, isso deve ser a única coisa em que todo o mundo que viu o filme está de acordo, que só peca por ser curta, num filme de 2 horas e 40 fazer apenas 30 minutos é pouco, ainda para mais quando muito provavelmente ganhará o óscar por essa actuação. O Russel Crowe não sabe cantar, mas gostei da sua actuação durante o filme, diria até que foi dos que gostei mais de ouvir cantar, o resto não há muito o que comentar, alguns melhores que outros.
Nota: 7. Sendo 5 desses pontos pela ousadia de ter um filme totalmente cantado, 1 pela actuação da Anne Hathaway e o último pela parte técnica.
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