Opinião Semanal #21&22: Bakuman
Hoje apenas comentando sobre um manga, mas tem mais palavras do que todos os outros posts que fiz ao longo da semana. Bakuman, um apanhado geral e os seus 4 últimos capítulos, de um dos melhores mangas que passou pela Jump nos últimos anos, apesar de todos os seus altos e baixos.
5ºBakuman 173-176 (Final):
Difícil de comentar sobre Bakuman nesta semana, por um lado tenho de comentar sobre os capítulos em atraso, por outro falar sobre o final e queria usar esse post como homenagem a Bakuman, mas nem tudo será possível fazer. Vou tentar focar um pouco nesses 3 aspectos e não alongar demais, ainda espero vir a fazer uma review do manga, mas não garanto nada.
Esse quinto lugar de Bakuman é estranho, por um lado não tem nada a ver com os 4 últimos capítulos, porque foram muitos inferiores, mas por outro lado o manga como um todo merecia se despedir no meu top5 da semana.
Bakuman já foi um dos meus mangas favoritos, na verdade se me perguntassem há uns 2 anos atrás qual manga recomendaria da Jump iria dizer Bakuman sem dúvida alguma, numa altura em que o manga tinha a excelente arte do Obata, um grande roteiro do Ohba e apesar de sempre duvidar de alguma coisa, a imagem que o manga dava da Jump e da profissão de mangaka era realista.
Até mesmo em termos de mangas tudo era melhor no seu inicio, na primeira metade do manga o Ohba teve uma imaginação incrível, mangas como Crow, Detective Trap, Dinheiro e Inteligência, Others 11, entre tantos outros que não me lembro do nome, mas depois na altura importante o que ele apresenta como os melhores mangas dos personagens principais e do seu rival, Reversi e Zumbi Gun. Que só comprova o que o autor mostrou em Death Note, ele tem uma grande imaginação, mas eventualmente vai acabar por estragar a história que criou.
Por causa de estar a escrever este post acabei ir vendo alguns capítulos do começo do manga e a diferença na arte é gigantesca, tudo piorou gigantescamente, o pior é que ao ler semana após semana o leitor só se vai aperceber disso quando voltar a dar uma vista de olhos no primeiro capítulo novamente, basicamente o Obata fez o mesmo que em Hikaru no Go só que ao contrário, o que no inicio era a melhor arte da Jump, passou a estar na média e o Obata nunca antes tinha estado na média quando se trata de arte.
Sobre realismo, no inicio do manga são mencionados mangas como Death Note, One Piece, Dragon Ball, Ashita no Joe ou Slam Dunk, mas quando o manga chega perto do final parece que o único manga real que já foi criado no mundo de Bakuman foi Ashita no Joe, porque de certeza que eles se esqueceram da incrível parecença de Reversi com Death Note ou o facto de One Piece ter simplesmente sumido da revista para Crow poder terminar em primeiro e depois poder haver a disputa entre Ashirogi Muto e o Eiji.
Ainda dentro do tema realidade, no inicio, o Ohba preocupou-se a explicar como funcionava o ranking da revista, o que acontecia quando alguém levava um manga para um editor ver, entre outras coisas, obviamente não era 100% correcto, o sistema de ranking está bem diferente do que se comenta pela internet e haviam muitas oportunidades na Jump de Bakuman, enquanto na Jump real muito poucas nos últimos 2/3 anos. De qualquer maneira tentava ao máximo ser realista sem perder a sua cota parte de shounen, mas actualmente nada soava a realista, até mesmo o fã mais devoto tinha dificuldade em engolir qualquer coisa que dizia no manga, já começava a desconfiar.
No fim acabei mais por criticar do que elogiar, mas basicamente é isso que acontece quando uma obra começa boa e termina má. Sobre o inicio, e por inicio falo desde o primeiro capítulo até há estreia de Tanto foi tudo excelente, depois disso houve poucos momentos de genialidade, na sua maioria passando por breves aparições do Fukuda e do Hiramaru, além do espectacular arco do final de Crow, o último grande momento de Bakuman, que só não digo ser o melhor por causa da arte.
Sobre os últimos 4 capítulos, tudo foi muito corrido, até parecia que o manga tinha sido cancelado, o que obviamente não é verdade. Basicamente é igual a séries norte-americanas tendo 22 episódios por ano, só contam história nos 2 primeiros e nos 3 últimos e o resto é tudo filler, tendo com isso um final extremamente corrido, obviamente não são todas as séries, ainda bem, mas muitas delas seguem esse padrão.
O relacionamento do Mashiro com a Miho deveria ter sido melhor trabalhado, mas no final não acredito que muitos tenham tido algum impacto com a Miho ganhando o papel, na verdade pelas primeiras páginas do capítulo 173 nem mesmo o Mashiro sentiu tudo isso, para o momento que tecnicamente foi o clímax de todo o manga foi bem aquém das expectativas.
Gostei de ver Reversi realmente terminando, provavelmente a única coisa boa da recta final, mostra o erro que cometeram em Death Note. O capítulo 174 focou-se praticamente todo no assunto, “Final de Reversi”, devo dizer que gostei da página final, mas que o manga no geral ficou muito longe do que esperaria para o melhor manga da dupla, não chega nem perto do que Death Note foi, que por si só já é bastante overrated.
Volto a tocar no assunto que já tinha comentado no blog, mas acabou ficando para trás e que neste momento faz sentido voltar a comentar. Desde que foi anunciado que Ashirogi Muto iria criar o seu último manga em Bakuman, que fiquei com aquela tive a ideia de eles (Ohba e Obata) criarem um excelente manga melhor do que Death Note ou até mesmo Hikaru no Go, ver como os leitores reagiam ao manga quando inserido em Bakuman, terminarem Bakuman e voltarem publicando esse mesmo manga. Mas sem dúvida não gostaria de ver Reversi na Jump real, mas ainda acho que se quisessem voltar a publicar na Jump podiam resgatar a ideia de Dinheiro e Inteligência.
No capítulo 175, eles finalmente passam o Eiji, mas o impacto consegue ser menor do que quando a Miho ganhou o papel. Eles lutaram durante 175 capítulos para ultrapassar o Eiji, mas no final é apenas isso e não é um “apenas isso” realista, é um apenas isso de desagrado mesmo, porque eles dizerem que ultrapassaram o Eiji é o mesmo que dizer que a dupla Ohba e Obata ultrapassou o Oda. Foi verdade, quando foi publicado o volume 7 de Death Note, One Piece deixou de ser o manga mais popular, mas sim foi apenas momentâneo, no ano seguinte One Piece se levantou como nunca e até hoje não parou de subir, para um patamar inalcansavel. E o Eiji fará o mesmo, para um patamar ao qual Ashirogi Muto nunca conseguirá alcançar, até porque ficarão para sempre ligados ao nome Reversi.
É verdade que também não esperava que o Eiji realmente fosse perder, mas esperava algo diferente do que eles o terem ganho por apenas algumas páginas e terem uma despedida tão simples. O pior é que nem tinha as expectativas muito elevadas, já esperava algo deste tipo, mas mesmo assim desiludiu, o final sem dúvida não estava ao nível de Bakuman, nem mesmo ao nível actual de Bakuman. Mas o pior ainda estava por vir.
Muitos dizem que o final foi dividido em duas partes, o 176 com o final do Mashiro e da Miho e o 175 com todos os outros personagens. Mas me pergunto onde estão todos os outros, porque Ashirogi Muto teve vários rivais nos 176 capítulos do manga, mas no final apenas 5 tiveram destaque, Fukuda, Hiramaru, Iwase, Aoki e Takahama, com direito apenas a duas páginas para os 5.
Acima disse que Reversi ter terminado foi a única coisa boa dos 4 últimos capítulos, mas não é verdade, o agradecimento à Kaya foi ainda melhor, simplesmente uma boa homenagem a uma personagem que apesar de nunca ter tido tanto destaque foi muito importante para Bakuman, muitas vezes, quase sempre, mais importante que a própria Miho. Gostei da forma simples como o Takagi se despediu do Mashiro, mas mesmo assim foi uma despedida do manga meio inglória, para quem era tecnicamente personagem principal.
Por fim, o capítulo 176, que conseguiu ser pior do que os dois arcos do Nanamine juntos. A começar logo pela página colorida, uma das piores que o Obata já fez na vida, por várias razões, desde a arte fraca até ter sido o mais perto do casamento que o manga teve. Pessoalmente nem me interessava muito em ver o casamento, mas sim porque esse seria o melhor momento para juntar todos os personagens do manga, até o Nanamine. Para o cliché da foto final de grupo, é cliché, sim, mas é daqueles clichés imprescindíveis, ainda para mais numa história que não deixou os personagens secundários se despedirem dos seus leitores.
A Miho e o Mashiro não mereciam um capítulo a sós, mas era algo que os autores não podiam deixar de fazer, mas esse seria o penúltimo capítulo, nunca o último. Devo dizer que uma das coisas que menos gostei foi o Ferrari, no mínimo foi desnecessário, não combina nada com nenhum dos dois personagens, para não dizer pior.
De resto nem foi um mau capítulo pelo conteúdo, mas como disse esse deveria ser o penúltimo, não o último capítulo, fora que o beijo final há que se dizer que dificilmente agradou a alguém, até porque o autor o mandou para um canto da página dupla, parecendo que apenas o colocou ali por obrigação, preferindo destacar que agora podem estar sempre um ao lado do outro, mesmo tendo um portão a separa-los.
Eventualmente até pode sair um capítulo especial sobre o casamento dos dois, mas independentemente disso, este será o último capítulo do manga e será lembrado para sempre como um dos piores finais de sempre de mangas da Jump, novamente volto a repetir não pela qualidade do último capítulo em si, mas pelo final como um todo.
Para concluir, mesmo com tantas criticas, vale lembrar que mais de metade do manga, metade e o final de Crow, foi nota 8/9. Apesar do final, valeu a pena ler o manga durante os últimos anos.